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TI na Saúde: como a tecnologia da informação está mudando o futuro

O setor de Saúde brasileiro vive uma acelerada transformação digital. Nos últimos anos, impulsionado em parte pela pandemia de COVID-19, hospitais, clínicas e gestores públicos intensificaram investimentos em Tecnologia da Informação (TI) para modernizar o atendimento e a gestão. Em 2024, o Ministério da Saúde lançou o Programa SUS Digital, ao qual aderiram todos os 5.570 municípios, 26 estados e o Distrito Federal, com destinação de R$ 454 milhões naquele ano para iniciativas de Saúde digital.

Essa estratégia nacional visa ampliar o acesso e reduzir lacunas assistenciais, levando soluções tecnológicas até regiões remotas do país, como no Norte e Nordeste, por meio de serviços como a telessaúde. Como resultado, a informatização básica de hospitais e unidades de saúde já é praticamente universal: 92% dos estabelecimentos de Saúde no Brasil utilizam algum sistema eletrônico de registro de pacientes, um aumento de 5 pontos percentuais em relação a 2023.

Tamanha penetração indica que TI na saúde deixou de ser tendência futura para se tornar realidade presente, transformando processos clínicos e administrativos em larga escala. Ao mesmo tempo, o Brasil consolidou indicadores e planos para guiar essa transformação. Foi criado em 2024 o Índice Nacional de Maturidade em Saúde Digital (INMSD), um framework de sete dimensões que permitiu a todos os entes federativos avaliarem seu estágio de digitalização.

Além disso, startups de Saúde (as chamadas healthtechs) prosperaram: já são mais de 536 startups ativas no país, atuando em áreas que vão de prontuário eletrônico e agendamentos on-line a inteligência de dados e telemedicina, movimentando cerca de R$ 1 bilhão em investimentos entre 2023 e 2024. Esse cenário demonstra um ecossistema vibrante, em que iniciativas públicas e privadas convergem para incorporar tecnologias emergentes e gerar melhorias concretas na assistência médica.

Aplicações práticas de TI na Saúde

Prontuário eletrônico e interoperabilidade: A digitalização dos prontuários médicos é uma das bases da TI na Saúde. Quase todos os hospitais e clínicas brasileiras já registram as informações dos pacientes em meio eletrônico, o que substitui papéis, evita perda de dados e facilita o compartilhamento de informações entre profissionais. Nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do SUS, por exemplo, 97% já operam com registros digitais, garantindo que 95% tenham dados de vacinação e histórico clínico informatizados.

Esse avanço, entretanto, traz à tona a necessidade de interoperabilidade entre sistemas distintos. O Ministério da Saúde tem investido em uma Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) para integrar informações de diferentes plataformas – do aplicativo Meu SUS Digital (voltado aos cidadãos) aos módulos para profissionais e gestores. O objetivo é que, independentemente do sistema ou fornecedor, dados clínicos essenciais possam ser trocados com segurança entre pontos de atendimento. Uma interoperabilidade efetiva evita duplicidade de exames, dá ao médico acesso ao histórico completo do paciente e apoia uma continuidade de cuidado mesmo quando o paciente percorre diversos serviços de Saúde.

Inteligência artificial (IA) e automação: A IA desponta como aliada promissora na Saúde, embora sua adoção ainda esteja no início. Apenas cerca de 4% dos estabelecimentos de Saúde brasileiros afirmam usar alguma forma de inteligência artificial atualmente.

Entre os que utilizam, as principais aplicações são automação de fluxos de trabalho (67%), uso de ferramentas de IA generativa como ChatGPT para apoio em tarefas (63%) e mineração de texto em prontuários (49%).

Isso indica que muitas instituições empregam IA para agilizar processos repetitivos (como atualização de registros ou triagem de resultados), liberando a equipe para focar em atividades mais complexas. A IA generativa também começou a ser usada diretamente por profissionais de Saúde: 17% dos médicos brasileiros relataram já ter utilizado ferramentas como essas em 2024 (especialmente em hospitais maiores), principalmente para auxiliar em pesquisas clínicas ou mesmo na redação de relatórios nos prontuários.

Do lado da automação, outras tecnologias como robótica e software de automação de processos (RPA) têm sido adotadas para otimizar rotinas administrativas – por exemplo, automatizando agendamentos, faturamento ou alertas de resultados críticos de exames. A tendência é que, conforme casos de sucesso se consolidem e os custos diminuam, soluções de IA e automação se tornem parte integrante do dia a dia hospitalar, desde algoritmos de apoio ao diagnóstico (em imagem, patologia etc.) até chatbots que auxiliem no pré-atendimento.

Telemedicina e Saúde conectada: A telemedicina evoluiu de projeto experimental a componente essencial do cuidado em saúde. Antes de 2020, consultas médicas a distância eram exceção; hoje, consultas por vídeo e outros serviços remotos se incorporaram aos fluxos de atendimento. No Brasil, cerca de um terço das instituições de Saúde já oferece algum serviço on-line aos pacientes, como agendamento digital de consultas ou visualização de resultados de exames.

Serviços clássicos de telessaúde – como teleconsultoria (médicos discutindo casos entre si), teleconsulta com pacientes e telediagnóstico – vêm ganhando espaço: 30% dos estabelecimentos oferecem teleconsultoria médica, e 23% já disponibilizam teleconsultas diretamente aos pacientes.

No SUS, programas de telessaúde que existiam desde 2006 foram ampliados após a pandemia; núcleos de teleatendimento especializados (em dermatologia, cardiologia, oftalmologia, etc.) passaram de 10 para 27 entre 2022 e 2023, ampliando o acesso a especialistas em locais antes desassistidos. Na Saúde suplementar e corporativa, plataformas privadas despontam: a healthtech Conexa, por exemplo, realizou apenas 2.403 consultas on-line em 2019, mas ultrapassou 2,9 milhões de atendimentos até 2022.

Hoje, graças a parcerias com operadoras, cerca de 40% das vidas cobertas por planos de Saúde no Brasil (cerca de 20 milhões de pessoas) têm acesso aos serviços da Conexa– incluindo telemedicina generalista, telepsicologia e teleorientação nutricional.

Esses números ilustram como a telemedicina escalou rapidamente, provendo comodidade aos pacientes e otimização de recursos para as instituições. Além das consultas, a conectividade viabiliza monitoramento remoto de pacientes crônicos (telemonitoramento), segunda opinião a distância e educação continuada de profissionais via tele-educação, compondo um ecossistema amplo de Saúde digital.

Segurança da informação e privacidade: Com a digitalização massiva de dados de Saúde, aumenta a importância da proteção dessas informações sensíveis. Segurança da informação na Saúde abrange desde a proteção contra ataques cibernéticos até a garantia de privacidade conforme leis como a LGPD. As instituições brasileiras têm avançado na adoção de medidas de segurança: em 2024, mais da metade dos hospitais e clínicas já empregavam criptografia de arquivos e e-mails (54%, ante 46% no ano anterior) e proteção criptográfica de bases de dados (46%, ante 40%).

O uso de certificados digitais também cresceu, presente em 57% dos estabelecimentos. Entretanto, proteger sistemas de Saúde vai além de ferramentas tecnológicas – envolve também pessoas e processos. Apenas 47% das organizações de Saúde treinaram suas equipes em segurança da informação em 2024, e essa capacitação é muito mais comum na rede privada (59%) do que na pública (34%).

Essa disparidade revela um ponto de atenção, pois incidentes ocorrem em ambos os setores. Em 2023, por exemplo, um grande hospital privado na região Centro-Oeste foi alvo de ransomware – os criminosos sequestraram dados do hospital e exigiram resgate para não vazarem informações sensíveis. Casos assim mostram que brechas de segurança podem impactar diretamente a assistência (interrompendo serviços, expondo pacientes) e trazem prejuízos financeiros e de imagem.

Por isso, iniciativas de TI na Saúde hoje necessariamente englobam soluções robustas de segurança cibernética: desde firewalls, sistemas de detecção de intrusão e backup contínuo, até políticas de acesso Zero Trust e anonimização de dados sensíveis. O setor de Saúde já é o segundo mais visado por hackers no mundo, com quase 9,7 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos em 2023 – um sinal claro de que investir em segurança não é opcional, mas sim crítico para a continuidade do negócio e a confiança dos pacientes.

Benefícios estratégicos e operacionais da TI na Saúde

A adoção estratégica de TI na Saúde produz benefícios concretos tanto na linha de frente do atendimento quanto na operação dos bastidores das instituições. Um dos ganhos mais evidentes está na melhoria da qualidade do atendimento e na segurança do paciente. Sistemas de prontuário eletrônico reduzem erros de transcrição e perda de informações, permitindo que médicos tomem decisões com base em dados completos e legíveis.

Estudos no Brasil indicam que a informatização clínica pode reduzir erros médicos e promover práticas mais seguras, ao facilitar o monitoramento e o compartilhamento de dados entre diferentes níveis de atenção.

Por exemplo, uma prescrição eletrônica com alertas de interação medicamentosa previne eventos adversos, enquanto o acesso rápido a exames anteriores evita procedimentos desnecessários. Além disso, ferramentas de apoio à decisão clínica – de algoritmos que sugerem diagnósticos diferenciais a sistemas que priorizam pacientes de risco – dão aos profissionais suporte analítico em tempo real, elevando a precisão diagnóstica e a efetividade dos tratamentos.

Do ponto de vista operacional, a TI traz ganhos substanciais de eficiência e produtividade. Processos antes manuais e morosos foram agilizados: marcações de consulta on-line reduziram filas e ligações telefônicas; sistemas integrados eliminam retrabalho na entrada de dados; e a automatização de tarefas repetitivas diminui a sobrecarga das equipes. Um exemplo simples é o autoatendimento para agendamentos e lembretes automatizados, que atenuam o problema crônico de faltas às consultas.

Na rede pública de Santa Catarina, um levantamento apontou que um em cada três pacientes faltava a consultas agendadas– absenteísmo que desperdiça recursos e tempo dos profissionais. Com plataformas digitais, pacientes podem facilmente remarcar ou cancelar compromissos, liberando vagas para outros e otimizando a agenda médica.

Na esfera administrativa, soluções de Business Intelligence permitem aos gestores identificar gargalos (como setores com altos tempos de espera ou uso subótimo de equipamentos) e atuar de forma proativa, realocando recursos. Hospitais que investiram em sistemas integrados relatam melhorias na gestão de estoques, controle de custos e até na alocação de pessoal, graças a indicadores extraídos dos sistemas de TI.

Outra vantagem estratégica é a redução de custos em médio e longo prazo. Embora implantar tecnologia exija investimentos iniciais, os ganhos compensam.

A digitalização economiza custos com papel, armazenamento físico de prontuários e retrabalho decorrente de dados perdidos. A telemedicina, por sua vez, pode reduzir despesas de transporte (para pacientes e profissionais), evitar atendimentos de emergência desnecessários e diminuir internações ao reforçar o acompanhamento preventivo. Projeções internacionais sugerem que, com a adoção de novas tecnologias biomédicas e principalmente de TI, os custos da Saúde possam cair em até 40% nos próximos anos. Essa estimativa impressionante mencionada em estudo da FGV reflete o potencial de iniciativas como monitoramento remoto de pacientes crônicos (evitando complicações), análise de dados populacionais para campanhas preventivas efetivas e uso de IA para otimizar diagnósticos e tratamentos.

Em síntese, a TI bem empregada ajuda a fazer mais com menos: mais saúde entregue com menos desperdício de recursos. Por fim, vale destacar o benefício da segurança e conformidade proporcionado pela TI. Embora segurança da informação também seja um desafio, os esforços nessa área trazem retorno na forma de proteção contra incidentes graves. Instituições que investem em backups robustos, criptografia e treinamento conseguem prevenir violações que custariam caro em multas (sob a LGPD) e na perda de credibilidade.

Do ponto de vista da segurança do paciente, sistemas integrados evitam que dados essenciais sejam omitidos ou que informações divergentes comprometam o cuidado. E a privacidade assegurada aumenta a confiança do paciente em compartilhar seus dados, o que por sua vez permite oferecer cuidado personalizado de forma ética. Assim, TI na Saúde não apenas melhora indicadores clínicos e financeiros, mas também reforça a sustentabilidade e a reputação das organizações de Saúde num ambiente cada vez mais digital e regulado.

Desafios enfrentados pelas instituições

Apesar dos evidentes benefícios, a transformação digital na Saúde traz consigo desafios complexos que as instituições precisam enfrentar de forma estratégica. Um dos principais é a integração de sistemas. Historicamente, muitos hospitais adotaram softwares diferentes para laboratórios, farmácia, prontuário, faturamento etc., frequentemente de fornecedores distintos e sem comunicação entre si.

Essa falta de integração gera silos de informação e dificulta uma visão unificada do paciente. Resolver esse problema requer investimentos em interoperabilidade (por exemplo, aderindo a padrões como HL7/FHIR) e participação em redes de dados compartilhados, como a RNDS do Ministério da Saúde.

No âmbito público, a diversidade de sistemas estaduais e municipais agrava a complexidade, exigindo coordenação federativa e arquiteturas interoperáveis. O desafio técnico é significativo: alinhar bases de dados heterogêneas, migrar legados e garantir que novos sistemas “conversem” entre si.

Contudo, sem superá-lo, parte do potencial da TI fica comprometido – já que sistemas isolados não colhem todo o ganho possível em eficiência e qualidade. Outro desafio crítico é a segurança de dados e gestão de riscos cibernéticos. Conforme visto, as instituições de Saúde tornaram-se alvos preferenciais de ataques, e muitas ainda não adotaram plenamente todas as medidas de proteção. Adequar-se às exigências da LGPD, por exemplo, tem ocorrido de forma desigual: enquanto 57% dos hospitais privados já promoveram campanhas internas de conscientização sobre proteção de dados em 2024, apenas 28% dos públicos o fizeram.

A nomeação de encarregados de dados (DPOs) e elaboração de planos de resposta a incidentes também é bem mais frequente no setor privado do que no SUS. Essa disparidade evidencia restrições orçamentárias e de prioridade.

Ataques cibernéticos podem paralisar serviços e expor informações confidenciais, mas muitas instituições ainda os encaram como ameaça abstrata até sofrerem um incidente. O desafio é mudar a cultura para uma postura preventiva: investir continuamente em atualização de sistemas, auditorias de segurança, testes de invasão e capacitação dos times. Também é necessário equilibrar a abertura de sistemas (para interoperabilidade e acesso remoto) com camadas robustas de proteção.

Em resumo, integrar inovação sem comprometer a segurança é um malabarismo que gestores de TI na Saúde precisam dominar. A formação de equipes multidisciplinares capazes de conduzir a transformação digital é outro ponto desafiador. Há escassez de profissionais que aliem conhecimento profundo de Saúde e de tecnologia – os chamados especialistas em informática médica ou em Saúde digital.

Além disso, os profissionais de Saúde tradicionais (médicos, enfermeiros, administrativos) precisam ser capacitados para usar as novas ferramentas. No Brasil, ainda é baixo o percentual de médicos e enfermeiros que receberam treinamento formal em TI aplicada à Saúde: apenas 23% desses profissionais fizeram alguma capacitação específica no último ano, segundo pesquisa de 2024.

Isso indica que a maioria aprende no dia a dia, de forma informal, o que pode limitar o uso pleno das soluções e até gerar resistências. Instituições enfrentam o desafio de montar equipes multidisciplinares unindo TI e assistência – por exemplo, com comitês conjuntos de médicos e analistas para implantar um prontuário eletrônico – e de promover educação continuada em Saúde digital para todos os colaboradores.

A mudança não é apenas tecnológica, mas também de cultura organizacional: exige que gestores engajem os profissionais, mostrando que a tecnologia vem para somar (e não substituir), e valorizando habilidades de análise de dados e melhoria de processos dentro das equipes. Por fim, há o desafio do orçamento e sustentabilidade financeira das inovações. Modernizar requer capital: aquisição de sistemas, infraestrutura (servidores, rede, dispositivos), contratação de especialistas e manutenção contínua.

Muitos hospitais operam com margens apertadas e precisam justificar o retorno desses investimentos. No setor público, há dependência de repasses e priorização política. Historicamente, os gastos com TI na Saúde no Brasil ficaram abaixo de outros setores – um estudo mostrou que em 2021 os hospitais investiram em média 4,5% de suas despesas em TI, enquanto a média de outros segmentos empresariais era 8,2%.

Embora essa porcentagem venha crescendo, ainda há gestores que enxergam TI apenas como custo, e não como investimento estratégico. Superar essa visão requer demonstrar, com dados, os ganhos tangíveis gerados (como redução de tempo de atendimento, economia com otimização de compras, etc.) e também os riscos de não investir (por exemplo, perda de competitividade ou gastos imensos com um possível ataque hacker).

Benchmarks e estudos de caso ajudam a convencer a alta direção do valor da TI. Além disso, é preciso planejar a alocação de recursos de forma eficiente – muitas soluções hoje podem ser contratadas como serviço em cloud, diluindo custos – e buscar parcerias (startups, editais públicos, incentivos governamentais como o PAC da Saúde Digital) para viabilizar projetos inovadores mesmo em cenários de restrição orçamentária.

Dados e exemplos recentes

Os anos de 2024 e 2025 têm fornecido indicadores concretos do avanço da TI na Saúde no Brasil, evidenciando tanto progressos quanto pontos de atenção. A seguir, destacamos alguns dados e casos atualizados:

Digitalização massiva: Em 2024, 92% dos estabelecimentos de Saúde utilizavam sistemas eletrônicos de registro, contra 87% no ano anterior. Nas UBS do SUS, a informatização praticamente se universalizou (97% em 2024), garantindo que informações como histórico do paciente e registros de vacinação estejam disponíveis digitalmente em quase todas as unidades básicas. Esse salto reflete investimentos contínuos em prontuários eletrônicos e infraestrutura de TI nas redes pública e privada.

Expansão da telessaúde: A oferta de serviços de Saúde on-line consolidou-se. Em 2023-2024, cerca de um terço das instituições já permitia agendar consultas ou acessar resultados via web.

A telemedicina propriamente dita (consulta médica remota) alcançou um patamar estável, presente em 23% dos serviços de Saúde. No SUS, houve retomada do Programa Telessaúde Brasil com expansão de núcleos estaduais (27 ativos em 2023, ante 10 em 2022) para especialidades como telecardiologia e teledermatologia.

Uso incipiente de IA, mas em ascensão: Novos levantamentos mostram que 16% dos enfermeiros e 17% dos médicos já utilizaram ferramentas de IA generativa (como ChatGPT) em seu trabalho pelo menos ocasionalmente. Os usos mais comuns são apoio à pesquisa clínica e comunicação entre equipes (para enfermeiros) e auxílio na elaboração de relatórios médicos (para médicos). Em termos institucionais, apenas 4% dos estabelecimentos declararam uso estruturado de IA em 2024, mas entre esses, predominam aplicações práticas e imediatas – p. ex., 67% usam IA para automatizar fluxos de trabalho internos, demonstrando foco em ganhos operacionais rápidos.

O freio principal para adoção de IA, segundo os gestores, tem sido a percepção de falta de necessidade ou prioridade (61% apontaram isso) e os custos ainda elevados (49%).

Foco em segurança e LGPD: Nos últimos anos, intensificaram-se os esforços de adequação à LGPD e proteção de dados. Houve incremento significativo no uso de criptografia (54% das instituições criptografam arquivos e e-mails, vs. 46% em 2023) e certificação digital (57% adotam, vs. 52% em 2023). Ainda assim, menos da metade das organizações (47%) treinou funcionários em segurança da informação no último ano, revelando espaço para aprimorar a conscientização interna.

Ataques de ransomware de alta repercussão em 2023 e 2024 alertaram o setor para vulnerabilidades. Globalmente, o Brasil tem participado de fóruns sobre Saúde digital e segurança: em 2023, no âmbito do G20, discutiu-se o acesso equitativo a tecnologias de Saúde digital e a proteção de dados dos pacientes como prioridades internacionais.

Em 2025, espera-se a atualização da estratégia nacional de segurança cibernética em Saúde, alinhando hospitais e clínicas às melhores práticas para resguardar informações sensíveis.

Engajamento do paciente e novas soluções: O uso de aplicativos e plataformas digitais pelos próprios cidadãos aumentou. O aplicativo Meu SUS Digital, que centraliza informações de Saúde do usuário do SUS (como resultados de exames, vacinas, agendamentos e outras funcionalidades), superou 50 milhões de downloads em 2025. Somado a isso, cerca de 30 novas funcionalidades foram adicionadas ao app nos dois anos anteriores, incluindo a integração da caderneta de saúde da criança de forma digital.

Esse engajamento do público sinaliza maior familiaridade da população com a Saúde digital, mas também traz o desafio de manter essas ferramentas úteis, fáceis de usar e acessíveis a todas as faixas da sociedade – evitando ampliar disparidades para quem tem menos acesso à internet ou aparelhos modernos.

Em síntese, os dados mais recentes confirmam que a TI na Saúde brasileira avança em abrangência e maturidade, embora revelem pontos onde é preciso concentrar esforços – especialmente na capacitação de pessoas e na redução das desigualdades de acesso digital. O balanço de 2024/25 é positivo: tecnologias que antes eram piloto agora estão institucionalizadas, e o setor de Saúde caminha para um patamar mais conectado, analítico e centrado no paciente.

O futuro da TI na Saúde

A trajetória atual indica que a TI continuará moldando profundamente o futuro da Saúde. No Brasil, a visão para os próximos anos inclui um sistema de saúde mais integrado, preditivo e personalizado. Espera-se que prontuários eletrônicos em diferentes níveis (clínicas, hospitais, SUS) estejam totalmente interligados, proporcionando ao profissional uma visão 360° do histórico do paciente em qualquer ponto de atendimento.

A inteligência artificial deve sair do campo experimental para atuar como “copiloto” do médico – seja analisando imagens radiológicas com rapidez sobre-humana, seja vasculhando bases de dados para sugerir tratamentos personalizados conforme perfil genômico e histórico do indivíduo. Processos manuais residuais tendem a desaparecer, substituídos por fluxos automatizados e analytics em tempo real que otimizarão desde a gestão de leitos até a previsão de surtos epidemiológicos.

No horizonte também se desenha uma Saúde mais distribuída e acessível: dispositivos de Internet das Coisas (IoT) e wearables monitorando pacientes em casa, integrados a centrais de teleatendimento que intervêm antes que uma condição se agrave; unidades de Saúde menores conectadas a centros de excelência via telepresença; e o próprio paciente empoderado por apps e prontuários pessoais controlando seus dados.

A segurança digital, por sua vez, deverá evoluir para acompanhar essas inovações, com uso de IA para detecção de ameaças, criptografia avançada e normas rígidas garantindo que a privacidade e a ética caminhem lado a lado com a tecnologia. Para instituições de Saúde brasileiras – públicas ou privadas – o grande diferencial competitivo será saber aliar a tecnologia à estratégia de negócio e à missão de cuidar de vidas.

Aqueles que incorporarem as melhores práticas de TI tendem a oferecer um cuidado mais eficaz, seguro e sustentável, atraindo a preferência dos pacientes e otimizando recursos. Entretanto, a jornada de transformação digital não precisa ser solitária. Contar com parceiros especializados pode acelerar resultados e mitigar riscos. A Faiston, por exemplo, desenvolve soluções sob medida para a Saúde, integrando sistemas, implantando inteligência de dados e assegurando conformidade regulatória.

Convidamos você a conhecer as soluções da Faiston para instituições de Saúde e descobrir como nossa expertise pode ajudar a sua organização a liderar o futuro da Saúde digital no Brasil. Em um setor tão desafiador e vital, estar à frente na adoção de TI não é apenas desejável – é um passo estratégico para salvar vidas e gerar valor de forma sustentável.


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