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Transforme dados de ameaças em decisões de segurança com threat intelligence

O ano de 2024 consolidou um cenário cibernético desafiador para as empresas brasileiras. O Brasil registrou níveis recordes de investidas maliciosas – foram 356 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos somente em 2024, de acordo com dados do FortiGuard Labs. Em meio a esse volume alarmante, um dado se destaca: mais de 40% dos ataques cibernéticos no país foram atribuídos a grupos de ameaça já conhecidos, cujas táticas são reconhecíveis e rastreáveis.

Quase metade das atividades maliciosas teve a “assinatura” de adversários identificados pela comunidade de segurança, repetindo padrões de ataque documentados. Essa realidade expõe tanto a gravidade das ameaças quanto uma oportunidade crucial para os defensores: aproveitar o conhecimento prévio sobre esses atores para antecipar riscos e orientar decisões de segurança com inteligência. Estratégias de Threat Intelligence (Inteligência de Ameaças) ganharam protagonismo.

Com ataques cada vez mais direcionados – como os de grupos de ransomware LockBit, BlackCat/ALPHV e outros, que seguem sendo grandes ameaças no Brasil e no mundo – as empresas perceberam que não basta reagir aos incidentes. É preciso proatividade informada.

Nesse contexto, a inteligência de ameaças emergiu como a capacidade de transformar dados brutos sobre ameaças em insights acionáveis, permitindo que equipes de segurança se antecipem a ataques, mitiguem riscos antes do impacto e reajam com velocidade e precisão quando necessário. A seguir, exploramos os fundamentos dessa inteligência, suas aplicações práticas e os benefícios estratégicos que proporciona, à luz dos benchmarks mais recentes no Brasil e no mundo.

Definição e fundamentos da Threat Intelligence

Em essência, Threat Intelligence refere-se à coleta e análise de informações detalhadas e acionáveis sobre ameaças cibernéticas, de forma a ajudar as equipes de segurança a adotar uma postura mais proativa na detecção, mitigação e prevenção de ataques. Diferentemente de dados brutos ou indicadores isolados, trata-se de informações correlacionadas e contextualizadas – abrangendo quem são os agentes de ameaça, quais táticas, técnicas e procedimentos (TTPs) eles empregam e quais indicadores de comprometimento (IoCs) podem evidenciar suas atividades.

O objetivo final é tornar esses dados praticáveis, fornecendo orientações concretas que permitam tratar vulnerabilidades, priorizar ameaças, remediar riscos e aprimorar a postura geral de segurança da organização.

Por exemplo, um programa de Threat Intelligence típico pode agregar indicadores de ataques observados globalmente, discussões em fóruns clandestinos sobre novas vulnerabilidades e até informações compartilhadas entre empresas do mesmo setor sobre tentativas de intrusão. Reunidos esses dados brutos, entra o papel crítico da tecnologia: é comum o uso de plataformas de inteligência de ameaças – muitas vezes integradas ao SIEM da organização – para centralizar, correlacionar e analisar automaticamente grandes volumes de dados.

Ferramentas modernas aplicam frameworks como o MITRE ATT&CK (que estrutura táticas e técnicas conhecidas dos atacantes) e empregam inteligência artificial (IA) e aprendizado de máquina para identificar padrões emergentes nos dados, filtrar falsos positivos e apontar indícios de ameaças de forma rápida.

Já há, inclusive, soluções incorporando modelos de IA generativa para ajudar a interpretar dados de ameaças e sugerir ações de resposta apropriadas com agilidade.

Outro fundamento importante são as categorias ou tipos de inteligência de ameaças, geralmente divididas em três níveis de profundidade e uso. A inteligência estratégica oferece uma visão macro das tendências de ameaças, destinada a apoiar decisões de alto nível por executivos – é menos técnica, focando em riscos amplos, padrões em setores e contexto geopólitico. Já a inteligência tática é voltada para o público técnico, descrevendo especificamente as táticas, técnicas e procedimentos que os agentes maliciosos utilizam.

Esse tipo de inteligência detalha como determinado ataque pode ocorrer, quais vulnerabilidades estão sendo exploradas, quais ferramentas os invasores empregam e como se movem, permitindo que arquitetos de segurança e analistas entendam as melhores formas de se defender contra essas táticas.

Por fim, a inteligência operacional (também chamada de inteligência técnica) foca em detalhes técnicos de ataques ou campanhas específicas em andamento ou recém-descobertas. Ela fornece insights acionáveis para equipes de resposta a incidentes sobre eventos imediatos – por exemplo, indicando qual vetor de ataque está em uso, quais servidores de comando e controle foram identificados ou quais malwares específicos estão envolvidos em uma onda de ataques.

Aplicações práticas

Na prática, a inteligência de ameaças se traduz em vantagens concretas no dia a dia da segurança da informação. Uma de suas aplicações centrais é antecipar ataques direcionados. Em vez de esperar pelo “dia zero” de um incidente, as equipes de segurança podem monitorar informações sobre planejamentos e tendências de ataque que visam seu setor ou região.

Por exemplo, se fontes de Threat Intelligence indicam que um grupo de ransomware estrangeiro está preparando campanhas contra empresas financeiras na América do Sul, um banco brasileiro pode tomar medidas proativas – reforçar monitorações em sistemas críticos, aplicar patches emergenciais em falhas que o grupo costuma explorar, ou treinar funcionários para detectar tentativas de phishing específicas. Essa capacidade de converter ameaças desconhecidas em conhecidas antes mesmo de atingirem a organização é destacada por especialistas como um dos maiores valores da inteligência de ameaças.

Com uma base de conhecimento robusta, a empresa passa a “conhecer o inimigo” e suas táticas antecipadamente, podendo ajustar suas defesas para frustrar ou pelo menos atenuar o golpe planejado. Em 2023, por exemplo, viu-se que o Brasil foi o segundo país no mundo mais visado por ataques hackers, atrás apenas dos EUA, especialmente nos setores de indústria, saúde e tecnologia.

Nesse cenário, a Threat Intelligence permitiu que muitas organizações desses segmentos identificassem vulnerabilidades exploradas em outros casos e se blindassem a tempo, evitando virar estatística. Outra aplicação prática é definir prioridades de resposta durante incidentes e no tratamento de vulnerabilidades.

Em um SOC (Security Operations Center) típico, chegam centenas ou milhares de alertas diariamente – desde detecções de malware genérico até possíveis indícios de intrusão avançada. A inteligência de ameaças ajuda a separar o sinal do ruído, indicando quais alertas representam de fato perigo à organização. Por exemplo, se uma detecção de malware em um endpoint vem acompanhada de um indicador (hash ou endereço IP) que a inteligência externa aponta como ligado a um grupo APT ativo contra o setor de energia, esse incidente deve ganhar prioridade máxima de investigação.

Por outro lado, um alerta similar associado a um script kiddie ou a uma campanha já neutralizada globalmente pode ser classificado como de menor urgência. Assim, os analistas conseguem alocar recursos escassos nas ameaças mais críticas, reduzindo o tempo médio de resposta a incidentes graves. Realizar análises de TTPs conhecidos dos adversários permite estabelecer padrões de ataque esperados, o que orienta decisões rápidas e assertivas na contenção e resposta.

Em momentos de crise – por exemplo, durante um ataque de ransomware já em curso – essa rapidez na tomada de decisão, guiada pela inteligência, faz a diferença entre um incidente isolado e uma crise generalizada. Com Threat Intelligence, a equipe de resposta sabe imediatamente com quem está lidando: se o ataque em andamento leva as marcas de um grupo conhecido por roubar dados antes de criptografar, a resposta incluirá verificar possíveis exfiltrações e mobilizar negociações de maneira informada; se for um ator cuja tática é destruir backups, isso aciona imediatamente protocolos de proteção das cópias de segurança.

Benefícios estratégicos e operacionais

Ao incorporar Threat Intelligence de forma estruturada, as empresas colhem benefícios tanto no nível estratégico quanto operacional. Um dos ganhos mais tangíveis é a redução do tempo de resposta a incidentes. Com alertas mais qualificados e contexto sobre o adversário, o SOC consegue detectar e conter ataques em estágio inicial. Estudos mostram que respostas mais rápidas e eficazes, habilitadas por inteligência, reduzem significativamente os custos e impactos de uma violação – quanto mais cedo um ataque é identificado e neutralizado, menor o dano financeiro e reputacional envolvido. Por exemplo, o relatório da IBM calculou em 2023 que o custo médio de uma violação de dados atingiu US$ 4,88 milhões, sendo que grande parte desse valor se devia ao tempo de detecção e resposta.

Programas de Threat Intelligence contribuem diretamente para abreviar esse ciclo, pois permitem detectar atividades suspeitas antes de elas escalarem para uma violação completa. Assim, métricas como o MTTD/MTTR (tempo médio para detectar/responder) tendem a melhorar significativamente após a adoção da inteligência de ameaças, conforme relatado por organizações que amadureceram nessa prática.

Outra vantagem é o aumento da assertividade nas decisões de segurança. “Assertividade”, aqui, traduz-se em precisão e confiança nas ações tomadas – escolher a medida certa, no momento certo, contra a ameaça certa. Com Threat Intelligence, as equipes operam com embasamento factual sobre o inimigo, em vez de suposições. Isso se reflete em menos alarmes falsos e menos recursos desperdiçados com ameaças irrelevantes, bem como em respostas mais proporcionais ao risco real.

Em suma, inteligência de ameaças não é mais opcional, mas sim um componente essencial de uma postura de segurança robusta. Por fim, é importante contar com parceiros experientes nessa jornada.

A Faiston, com sua expertise em projetos de Threat Intelligence, se coloca à disposição para ajudar sua empresa a implantar um programa de inteligência de ameaças sob medida. Seja na identificação de fontes de dados relevantes, na implementação de plataformas de inteligência ou na análise especializada de ameaças, a Faiston pode apoiar cada etapa para que sua organização colha todos os benefícios dessa prática.

Entre em contato conosco e descubra como podemos fortalecer a segurança da sua empresa por meio de soluções avançadas de Threat Intelligence – transformando dados de ameaças em decisões de segurança práticas, informadas e efetivas.


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